As ações do projeto vêm sendo orientadas pela metodologia da Extensão Popular e implicaram, em sua primeira fase, na prática de estudo em grupo, na realização de visitas à comunidade, participação em atividades desenvolvidas por organizações da própria comunidade, realização de atividades educativas, vídeo-debate, “rodas de conversa” com moradores, reuniões de avaliação e planejamento, entre outros. Objetivou-se, entre outros aspectos, produzir conhecimentos sobre o espaço urbano na cidade Patos; fornecer, aos moradores interessados, e sempre junto a lideranças locais (já consolidadas ou emergentes), um instrumental básico sobre como e por que investir na mobilização e organização comunitária para se avançar na garantia do direito à cidade e direito à saúde, bem como para se avançar na construção relações sociais mais solidárias, horizontais, democráticas e participativas no nível do território. Na segunda etapa, mantêm-se a mesma perspectiva de trabalho, mas agora com a possibilidade de qualificá-lo pelo acúmulo da experiência da primeira fase do projeto, o que possibilitou identificar fragilidade, lacunas e desafios não previstos no início da primeira etapa. Ademais, a expectativa do início do funcionalmente de duas Unidades Básicas de Saúde no bairro, ainda este ano, coloca novas possibilidades de ação dentro da comunidade, como, por exemplo, através do investimento na formação e estímulo à participação popular em saúde, buscando um diálogo produtivo com as equipes de saúde que passarão a atuar no local. Nesta nova etapa, pretende-se também avançar na prática de sistematização e produção de conhecimentos, e numa prática de registro áudio-visual sobre como as pessoas da comunidade vivenciam seus problemas de saúde e o acesso aos serviços de saúde, e que estratégias e recursos mobilizam para lidar com esses problemas.
Podemos registrar que ao longo da primeira fase do projeto avançamos em alguns aspectos centrais que visávamos no seu início. (a) Em relação aos estudantes extensionistas, podemos assinalar, por exemplo, o reconhecimento de particularidades da determinação social do processo saúde doença no meio popular, a partir da vivência com a comunidade proporcionada pelo projeto; o aprendizado do trabalho interdisciplinar e colaborativo entre Medicina e Serviço Social; o reconhecimento dos esforços e formas de organização e mobilização popular (saberes e práticas populares) para lidar com seus próprios problemas e para avançar de efetivação de direitos de cidadania; bem como reconhecimento de contradições, mecanismos de fragmentação e clientelismo político que limitam a atuação da organização popular. (b) Em relação à população, podemos destacar o aprendizado de algumas lideranças sobre alguns aspectos críticos relativos à organização e mobilização popular, à negação de direitos básicos, e ao funcionamento de políticas públicas; além da confiança estabelecida com a equipe de projeto para atuar, em alguns momentos, como mediadora de conflitos entre diferentes atores locais, atenuando a fragmentação social característica do bairro; bem como, a identificação da equipe do projeto como parceria e apoiadora das atividades de mobilizações da comunidade.